“Contra as cotas, só os racistas!!!”
Na semana
do “13 de maio”, o Comitê contra o Genocídio da Juventude Negra convida
todos e todas para a jornada em defesa de reparações e direitos para o povo
negro
Em 13 de maio, o Estado brasileiro celebra a “abolição da
escravidão”. Contudo, para negros e negras, há muito pouco o que comemorar. Por
isso mesmo, longe de ser um “dia de festa”, para nós, este é um dia de denúncia
do racismo. E, infelizmente, passados 124 anos desde que o Brasil tornou-se o
último país do mundo a libertar seus escravos, há muito o que denunciar.
Afinal, hoje, negros e negras ainda formam a maioria dos
mais pobres, dos sem-teto e sem-terra e daqueles que não têm acesso à educação,
à saúde, ao transporte, à moradia, à terra e ao trabalho dignos. E, ao mesmo
tempo, lamentavelmente, também é negra a maioria dos jovens vitimados pela
violência social e racial, inclusive (e especialmente) por parte dos agentes de
repressão do próprio Estado.
Reparações já! Queremos direitos e justiça!
Diante desta situação, bem como da crescente onda de
higienização étnico-social e criminalização da pobreza e dos movimentos sociais
que temos presenciado país afora, o Comitê contra o Genocídio da
Juventude Negra (que congrega mais de 20 entidades dos movimentos negro
e popular e, recentemente, esteve à frente da “ocupação” do shopping
Higienópolis) organizou uma “jornada de lutas” na semana que antecede o “13 de
maio” deste ano.
O tema central da jornada – “Contra as cotas, só os
racistas!” – tem como objetivo a implementação imediata de políticas de
ações afirmativas, particularmente nas universidades estaduais de S. Paulo (que
se recusam a adotar medidas efetivas neste sentido).
Contudo, esta não é única reparação que necessitamos. Também
sairemos às ruas em luta contra os ataques às terras remanescentes de
Quilombos cuja existência vem sido ameaçada tanto por latifundiários quanto
pelas “grandes obras” promovidas pelas três esferas de governo (municipais,
estaduais e federal).
Mães pretas, mães de luto e de luta!
Neste “13 de maio”, quando também
se celebra o “dia das mães”, o Comitê levará às ruas as histórias de sofrimento
e, principalmente, de luta de todas as “mães pretas” que tiveram (e continuam
tendo) suas vidas marcadas pelo sofrimento e pela luta.
Assim, estarão conosco a
memória de Dandara (comandante do exército do Quilombo de Palmares) e Luiza
Mahin (dirigente da Revolta dos Malês, em 1835, e mãe do militante
abolicionista Luís Gama). Como também marcharemos ombro-a-ombro com as “Mães de
Maio”, cujos filhos, companheiros, amigos e parentes foram assassinados há seis
anos, quando agentes policiais e paramilitares ligados a grupos de extermínio
mataram mais de 560 pessoas durante apenas 8 dias, numa suposta ação contra o
PCC.
Além de exigir justiça para
estas mulheres, a “jornada de lutas” do Comitê também irá levar para as ruas a
luta contra as muitas formas de opressão e exploração que, combinando machismo
e racismo, marcam profundamente a vida das mulheres negras: da imposição de
padrões eurocêntricos de beleza à superexploração em postos de trabalho
precarizados e terceirizados; da tentativa de transformá-las em objetos sexuais
à violência doméstica; da falta de assistência médica à impossibilidade de
acesso à educação e creches.
As atividades da Jornada
10 de maio: Aula
Pública e Marcha pelo centro da capital
Horário e local de
concentração: 16:30h, na Praça da Sé.
Mesa da “Aula
Pública”: Milton Barbosa (MNU - mediador do debate); Reginaldo Bispo (MNU
– “A luta quilombola”); Danilo Cruz (Fórum de Esquerda / aluno de Direito/USP –
“Em defesa das cotas) e representante do Movimento Mães de Maio (Contra a
violência racista e policial).
Saída da Marcha:
18:30h
11 de maio:
Aniversário do Núcleo de Consciência Negra
Em comemoração aos 25 anos
de existência e como ato de resistência à tentativa de “despejo”, que vem
sofrendo por parte da reitoria da Universidade de S. Paulo, o NCN irá promover
duas atividades, às 18 horas, o debate “Identidade Negra Brasileira”,
com a participação de Allanda Rosa (Arte-educador, escritor e angoleiro);
Jupiara Gonçalves de Castro (Fundadora do NCN e trabalhadora do FMUSP) e o
Prof. Dr. Salomão Jovino (Aruanda Mundi).
21 horas: Festa
12 de maio: Contra o genocídio da juventude negra
14 horas: Ato político e apresentações culturais em
memória dos jovens negros mortos nas periferias de S. Paulo.
13 de maio: uma homenagem às mães pretas
Manhã: panfletagem nas missas da Igreja Nossa Senhora do
Rosário dos Homens Pretos (Largo do Paissandu).
14 de maio:
Debate sobre cotas, acesso e permanência (a confirmar)
Local: Pontifícia
Universidade de São Paulo (PUC – SP)
Horário: 18:30h
Para maiores informações:
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Beatriz (Uneafro): beatriz@cqs.adv.br
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Vanessa (Sujeito Coletivo / NCN): nessalela@gmail.com
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Júnior (Levante Popular da Juventude): afrorebelde@yahoo.com.br
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Wilson (Quilombo Raça e Classe): wilsonhsilva@gmail.com
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